Economia parte I: o que é que correu mal?

Em 1930 o famoso economista John Maynard Keynes escrevia que, com o avanço tecnológico e os ganhos de produtividade alcançados, dentro de um século, se não houvesse um crescimento exagerado da população, o “problema económico da humanidade” estaria resolvido. Ou seja, a nossa principal preocupação seria, não assegurar o nosso sustento, mas o que fazer com os tempos livres.

Estamos quase lá e já vemos como Keynes se enganou estrondosamente! A população mundial tem crescido exponencialmente e começamos a preocuparmo-nos seriamente não só com a recessão quase generalizada no mundo desenvolvido, como com a escassez de recursos básicos dentro de pouco tempo (a falta de água é dos problemas mais assustadores e que provavelmente obrigará à migração de milhões de pessoas, com as decorrentes convulsões sociais).

Quanto ao trabalho, não é que não precisemos de trabalhar. O problema é não o haver! A automatização, em vez de nos libertar das tarefas penosas, tem-nos empurrado para o desemprego e para o empobrecimento.

É possível voltar atrás? Não, claro que não, a não ser que haja um cataclismo ou uma guerra mundial que nos faça recuar séculos em termos de progresso.

Paul Krugman, o prémio Nobel da Economia, tem estudado este assunto, complexo, e tem algumas explicações e algumas sugestões (http://krugman.blogs.nytimes.com/2012/12/09/technology-or-monopoly-power/)

Vivemos um tempo muito difícil. Temos a obrigação de tentar perceber o que se passa. Só assim poderemos, como cidadãos, tomar decisões informadas. Não há profissões imunes às decisões políticas e económicas. Advogados, psicólogos, bancários, artistas, professores, estudantes, engenheiros, reformados, desempregados, estamos todos no mesmo barco. Pensar que vai continuar tudo na mesma, é meter a cabeça na areia. Em psicanálise, chama-se a isso negação.